Mundo de ficçãoIniciar sessão
O médico virara mais uma folha do exame que acabara de sair do laboratório direto para suas mãos.
Ayla na cadeira à sua frente estava apreensiva.
— Você não está doente... — O médico fez uma pausa longa demais para o gosto dela. — Parabéns, você está grávida de quatro semanas!
O choque foi imediato.
— Grávida? Na-não... eu não posso estar grávida — ela disse surpresa.
— Mas está.
Ayla pegou das mãos do médico os papéis, correu os olhos por eles até acha a palavra que mudara tudo: POSITIVO.
Flashes da noite com o homem mais charmoso que conheceu, passaram por sua mente. Naquela noite, não pensou em proteção.
Ela chorou no banheiro da clínica, as mãos tremendo sobre a barriga ainda plana. Um bebê. Dele. O pânico a tomou de início, depois uma onda de amor inesperado. Mas e agora? Felipe... Nem tinha seu número.
Ayla tinha que confessar que aquilo foi uma loucura, conheceu um homem lindo em uma boate e aceitou ir para casa dele, nunca agiu assim antes, no que ela estava pensando?
Naquela noite assim que chegou, sua mãe já dormia. Olhou-a com ternura e pensou se seria tão boa mãe quanto a que teve. Passou para o próprio quarto e discou no celular o número de sua melhor amiga.
Precisava do conselho de alguém, e ninguém mais a entenderia ou sabia da noite louca que teve.
— Ayla, quem está morrendo para você me ligar tão tarde? — Luna perguntou e bocejou na ligação.
— Eu estou grávida, Luna. Daquela noite. Do cara da boate. —Sussurrou com vontade de chorar.
Silêncio do outro lado, depois um gritinho. A amiga havia despertado por completo.
— Meu Deus, Ayla! Você tem que contar pra ele! Você sabe onde ele mora, né? Aquele apartamento chique que ele te levou. Vai lá. Conta. Ele pareceu se importar, não deixaria você sozinha.
— E se ele não quiser? E se for só uma noite pra ele?
— E se for mais? Você não pode criar esse bebê sozinha, amiga. Vai. Eu te levo se quiser.
Ayla passou dias indecisa, o medo corroendo seu peito. Mas o bebê merecia um pai. Merecia uma chance. Incentivada por Luna, que praticamente a arrastou até o táxi, ela foi.
O prédio era ainda mais imponente à luz do dia. O porteiro a olhou com desconfiança quando ela se aproximou da recepção.
— Eu preciso falar com Felipe Demirkan. É importante. Pode dizer que é Ayla. — A voz vacilou naquele momento.
O homem pegou o interfone, mas antes que discasse, uma voz grave e autoritária cortou o ar.
— Quem está procurando meu filho?
Ayla virou-se e congelou. O homem era alto, imponente, com cabelos grisalhos e olhos frios como aço. George Demirkan, o patriarca da família. Ela não sabia quem era, mas tremeu com o som de sua voz e mais ainda com a sua figura.
— Eu... preciso falar com Felipe. É pessoal.
George a mediu de cima a baixo: o vestido simples, o rosto pálido, o nervosismo evidente. Seus olhos pararam na mão dela, que instintivamente protegia a barriga ainda discreta.
— Você está grávida — disse ele, sem rodeios. Não era uma pergunta.
Ayla engoliu em seco, o coração acelerado. Seu movimento havia sido tão acusatório assim?
— Eu só quero falar com o Felipe. Vamos... resolver. — O que? Como? Ela não sabia.
O rosto de George endureceu. Ele se aproximou, a voz baixa e ameaçadora.
— Acha que fisgou meu filho? Isso se essa criança for mesmo dele.
— Escute aqui. — Ela ergueu o dedo. — Felipe foi o primeiro, o único... não há chances de esse filho ser de outro. E... não preciso me explicar para o senhor. Eu e o Felipe...
— Escute bem — a cortou. — Você é uma ninguém. Uma garota comum que passou uma noite com meu filho. Não serve para esposa dele. Não serve para a família Demirkan. Vá embora! Esqueça que ele existe. Ou vai se arrepender.
As palavras foram como facadas. Ayla sentiu as lágrimas subirem, mas manteve a cabeça erguida.
— Eu não quero nada dele. Só queria contar. O bebê é sangue do seu sangue também.
George riu friamente, sem humor.
— Sangue? Talvez... Mas você não é nada. Saia daqui antes que eu perca a paciência.
Ele fez sinal para os seguranças, que se aproximaram. Ayla recuou, as mãos tremendo, o coração partido. Sem dizer mais nada, virou-se e saiu correndo, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
George Demirkan observou-a ir embora, os olhos semicerrados. Pegou o celular e discou um número.
— Sigam ela. Descubram tudo: onde mora, com quem vive, o que faz. E preparem tudo. O neto é meu. Ela... vamos resolver isso do jeito certo. O sangue Demirkan é mais importante do que qualquer coisa.







