QUATRO ANOS DEPOISAyla Sanli abriu a gaveta do criado-mudo com cuidado, como fazia em noites difíceis, quando o silêncio do apartamento parecia pesado demais. Dentro de uma caixa de madeira simples, guardada como um tesouro doloroso, estavam as lembranças que ela não conseguia jogar fora: fotos da ultrassonografia, uma pulseirinha minúscula do hospital, e algumas roupinhas de bebê que ela comprou com tanto amor durante a gestação.Ela pegou uma das fotos, os dedos traçando o contorno da imagem em preto e branco. Um bebê perfeito. Seu bebê. A gravidez foi tranquila, sem complicações maiores. Ela se cuidou com dedicação, mesmo sozinha, mesmo depois de ser expulsa daquele prédio luxuoso por George Demirkan. No parto, tudo desmoronou: desmaiou de exaustão e hemorragia, e ao acordar, o médico disse com pesar que o menino nasceu sem vida. Não houve nem tempo para segurá-lo nos braços.As lágrimas vieram silenciosas, como sempre. Ayla enxugou o rosto com as costas da mão. Aos 28 anos, era u
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