Mundo de ficçãoIniciar sessãoFugindo de uma noite que arruinou sua vida, Liana chega a Storm City sem dinheiro, sem documentos e sem esperança. Chorando em um parque após ser assaltada, ela é surpreendida por um garotinho que a abraça como se a conhecesse. Kian, filho do temido bilionário Dante Aldrich, sente nela algo que ninguém mais percebe: segurança. E, pela primeira vez desde que perdeu a mãe, ele sorri. Quando Dante encontra o filho nos braços de uma desconhecida, tudo nele entra em alerta. O cheiro dela o desestabiliza, seu lobo reage de forma perigosa… e ainda assim Kian se recusa a deixá-la ir. Relutante, Dante permite que Liana passe uma noite na mansão, uma noite que muda tudo. Entre segredos que ela tenta esconder, instintos que ele não consegue controlar e sombras que se aproximam para reivindicá-la, Liana descobre que entrou no território de lobos. E Dante percebe que aquela humana perdida pode ser muito mais do que uma babá, pode ser exatamente aquilo que ele jurou nunca mais enfrentar: o seu destino.
Ler maisO amanhecer chegou silencioso.A luz pálida do sol entrou pelas frestas da cortina pesada, deslizando pelo chão do quarto de hóspedes e tocando o corpo de Liana encolhido no canto da cama. Ela não havia dormido, em nenhum momento. O corpo doía, a mente estava exausta, e as roupas que vestia haviam secado no próprio corpo depois da noite longa, fria e cheia de medo.Os olhos ardiam, o coração estava pesado.Ela ainda podia sentir o gosto da raiva, da humilhação… Mas também se lembrava do beijo, de como se sentiu. Os curativos doíam, mas as aspirinas que deixaram no quarto ajudaram muito e quando amanheceu ela mesma trocou as ataduras para evitar uma infecção. Quando ouviu o clique suave da maçaneta, seu corpo inteiro se enrijeceu.A porta se abriu devagar.— Tia Lili!A voz infantil e animada atravessou o quarto como um raio de luz.Antes que ela pudesse reagir, Kian correu até ela e abraçou suas pernas com força, enterrando o rosto no tecido da roupa dela, como se precisasse ter cert
— Você não vai a lugar nenhum.A frase saiu da boca de Dante como uma sentença final, pesada, irrefutável. Ele estava parado no meio do quarto, bloqueando qualquer tentativa de fuga, os braços cruzados, os olhos ainda avermelhados pelo resquício da fúria recente.Liana riu.Mas não foi um riso de humor.Foi um riso nervoso, quase histérico, cheio de incredulidade e pavor.— Você é realmente maluco! — disse, a voz tremendo. — Eu quase morri! Fui atacada, jogada num rio, deixada pra morrer! E você acha que pode simplesmente me manter aqui como se nada tivesse acontecido? Quem você pensa que é?Dante avançou um passo.O ar ficou pesado.— Eu não vou deixar você sair — ele repetiu, mais baixo. — Não enquanto eu não tiver certeza de que…— Certeza do quê?! — ela gritou, interrompendo-o. — De que eu não vou morrer de novo?! Porque foi isso que aconteceu aqui! Na porra da SUA casa! Que tipo de gente maluca são vocês? O que eram aquelas merdas na floresta? Isso só pode ser um pesadelo!Ela ap
Liana não lembrava exatamente quando perdeu a consciência.Só lembrava do frio, da água, do peso esmagador nos pulmões.E então… braços.Braços fortes a envolvendo, segurando-a contra um peito que parecia quente demais para ser real. Um cheiro intenso, selvagem, familiar, misturado à floresta e à fúria.— Fica comigo — uma voz ecoava, distante, desesperada. — Não fecha os olhos… por favor…Depois disso, só escuridão.***Quando voltou a si, foi por poucos segundos.O mundo girava, as luzes passavam borradas acima de sua cabeça. Ela sentia o corpo sendo sacudido de um lado para o outro, sentia o balanço apressado de passos longos, sentia o coração de alguém batendo rápido demais contra seu ouvido.Dante.Mesmo sem entender como sabia, ela sabia, sabia que era ele.Tentou falar, mas não conseguiu, o corpo pesado demais, os músculos fracos demais. A dor latejava em ondas, especialmente no ombro e na perna, onde a pele estava rasgada em feridas grandes que com certeza precisariam de ponto
Liana deu um passo para trás, o bilhete ainda amassado na mão, quando os olhos amarelos dentro da mata avançaram um pouco, revelando movimento entre as sombras. Um rosnado profundo cortou o ar frio, fazendo os pelos de sua nuca arrepiarem.— D-Dante? — tentou chamar, com a voz falhando.Nada.Outro rosnado. Mais próximo. Mais faminto.A ruiva cambaleou para trás, o coração disparando.— Tem alguém aí? — perguntou, ainda com esperança de que fosse apenas um animal. — Por favor… eu…Então, de uma vez, três lobos enormes saltaram sobre ela, saindo das sombras, derrubando-a no chão com brutalidade. Liana gritou, o corpo esmagado contra a terra, o impacto arrancando todo o ar de seus pulmões.— Aaaah! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!Os lobos rosnaram tão perto que ela sentiu o calor sufocante da respiração deles, a baba espirrando em seu pescoço, o cheiro selvagem impregnando o ar.Um deles, o de pelagem clara, passou a pata no rosto dela com força, deixando um arranhão ardido na pele. O lobo
Sandra saiu do escritório de Dante como uma tempestade prestes a destruir tudo no caminho. As pernas tremiam de raiva, o rosto queimava e o orgulho ferido parecia um animal rasgando seu peito por dentro. Ela jamais havia sido humilhada daquele jeito. Nunca, nem quando Celeste estava viva Dante havia falado daquela forma com ela.Uma humana.Uma humana tinha virado o mundo dela de cabeça para baixo.Desceu as escadas com força, fazendo os passos ecoarem pela mansão como lâminas batendo no chão. Era proposital, queria que todos ouvissem como ela estava irritada, que todos soubessem o quanto Dante havia ultrapassado todos os limites.Quando virou o corredor, encontrou Elena e Cassandra apoiadas na grande mesa de madeira da sala comum. As duas imediatamente ergueram os olhos.— Então é verdade — Cassandra murmurou, cruzando os braços. — O alfa brigou com você por causa da humana!Sandra apertou os dentes com tanta força que a mandíbula doeu.— Ele a protegeu — disse, cuspindo as palavras
O sol mal havia tocado o topo das árvores quando a mansão inteira começou a se mexer. Empregados iam e vinham apressados, cochichando entre si, lançando olhares curiosos e desconfiados para a porta fechada do quarto de hóspedes, o quarto onde Liana havia dormido.A notícia correu como fogo na palha.O alfa contratou uma humana. Uma humana. Para ficar com o filho dele. Uma humana… que dormiu dentro da casa principal da alcateia, entre os lobos.E bastou isso para Sandra surtar.Ela ouviu as empregadas comentando no corredor e voou para o andar de cima como uma tempestade descontrolada, seus saltos batendo com raiva no chão de madeira. Empurrou a porta do quarto de hóspedes com força suficiente para fazer a maçaneta bater na parede.Liana, que estava terminando de arrumar os cabelos avermelhados diante do espelho pequeno do quarto, tomou um susto.— Ah, ótimo — Sandra disse, cruzando os braços. — A intrusa está acordada.Liana franziu a testa.— Eu só estou aqui porque o Dante pediu,
Último capítulo