O amanhecer chegou silencioso.
A luz pálida do sol entrou pelas frestas da cortina pesada, deslizando pelo chão do quarto de hóspedes e tocando o corpo de Liana encolhido no canto da cama. Ela não havia dormido, em nenhum momento. O corpo doía, a mente estava exausta, e as roupas que vestia haviam secado no próprio corpo depois da noite longa, fria e cheia de medo.
Os olhos ardiam, o coração estava pesado.
Ela ainda podia sentir o gosto da raiva, da humilhação… Mas também se lembrava do beijo, de como se sentiu. Os curativos doíam, mas as aspirinas que deixaram no quarto ajudaram muito e quando amanheceu ela mesma trocou as ataduras para evitar uma infecção.
Quando ouviu o clique suave da maçaneta, seu corpo inteiro se enrijeceu.
A porta se abriu devagar.
— Tia Lili!
A voz infantil e animada atravessou o quarto como um raio de luz.
Antes que ela pudesse reagir, Kian correu até ela e abraçou suas pernas com força, enterrando o rosto no tecido da roupa dela, como se precisasse ter cert