Narrado por Lorena Mello
A areia fria debaixo dos meus pés.
O vento cortando o rosto.
O gosto amargo do sal misturado com lágrimas que eu lutei até o fim pra segurar.
Andei.
Sem rumo.
Só pra longe dele.
Só pra longe de mim mesma.
Quando tive certeza que ninguém podia me ver…
Quando o som do carro ficou longe…
Eu desabei.
Caí de joelhos na areia.
A cabeça abaixada.
O corpo inteiro tremendo, mas sem um som, sem um grito.
Só o choro seco.
Pesado.
Rasgado.
Porque amar…
Amar de verdade…
Não dói como nos filmes.
Não é bonito.
Não é poético.
É feio.
É cruel.
É arrancar pedaço por dentro sem deixar marca por fora.
Senti a areia fria grudando nas mãos.
O vento cortando a pele.
A solidão esmagando o peito.
E me perguntei.
Pela milésima vez:
— Por que amar dói tanto?
— Por que dói mais ainda… quando a gente sabe que esse amor talvez nunca seja nosso?
Fechei os olhos.
O rosto enterrado nos joelhos.
Porque eu sabia.
Sabia que, por mais que eu lutasse…
Por mais