NARRADO POR LORENA
O carro parou.
A casa dela parecia maior ao vivo.
Mais fria.
Mais distante.
O Dante desligou o motor.
Olhou pra mim, sem dizer nada.
Só aquele olhar que dizia “tô aqui.”
Ele saiu, deu a volta, abriu a porta pra mim.
A mão dele pegou a minha.
E não soltou. Nem um segundo.
Subimos os degraus.
Ele tocou a campainha.
A porta abriu.
Ela estava ali.
A Helena.
Linda.
Serena.
Mas com um olhar que já pesava antes mesmo de falar.
Os olhos dela caíram na nossa mão entrelaçada.
Subiram pro rosto dele.
O sorriso veio, pequeno.
Educado.
Mas nada gentil.
— Oi. — ela disse.
— Oi. — ele respondeu.
O braço dele passou pela minha cintura.
Me puxou mais perto.
Firme. Sem deixar espaço.
— Essa é a Lorena. Minha mulher.
Meu coração bateu alto.
Mas eu mantive o sorriso discreto.
Seguro.
A Helena me olhou devagar.
De cima a baixo.
Pesando. Avaliando. Classificando.
— Prazer. — ela disse, com um sorriso que não chegava nos olhos.
— O prazer é meu. — res