NARRADO POR DANTE
O papel parou de tremer quando eu assinei.
Fim.
Os flashes vieram.
A sala aplaudiu.
Mãos nas minhas costas.
— Hoje é teu dia, Dante.
Mas eu só pensava em sair dali.
Puxei o celular do bolso.
> “Chegou bem? Já tá voltando?”
Não enviei.
A TV da sala, no canto, ligou sozinha.
Sem ninguém tocar.
Volume subindo.
— “Urgente: atropelamento grave no Jardim Botânico.”
Meu corpo travou.
— “A vítima é a médica Lorena Mello…”
A caneta caiu da minha mão.
E o som dela batendo na mesa ficou alto demais pro silêncio que veio depois.
— “Segundo testemunhas, ela empurrou uma criança antes de ser atingida.”
O mundo inclinou.
Não pensei.
Só repeti baixo:
— Não…
Renan já tava do meu lado.
— Dante…
Mas eu não ouvia.
Na tela, imagens tremidas.
Luz vermelha.
Sirene.
Uma ambulância.
— “Encaminhada em estado crítico… suspeita de traumatismo craniano.”
Meu estômago virou.
— Não… não, não…
A mesa virou minhas costas.
Eu sentei antes de cair.
— Eu mandei ela —