*Narrado por Dante Ferraz Andrade*
Na penumbra suave do abajur, o quarto se dividia em dois universos distintos: um iluminado por um tom amarelado, que exibia o desgaste da espera, e outro completamente imerso na escuridão, espessa e silenciosa, das intenções que não foram expressas.
Lorena repousava enrolada no edredom, sua respiração serena e seu corpo relaxado, como se levasse uma vida desprovida de complicações, e como se o homem que se encontrava a dois metros dela não carregasse a angustiante carga de um destino sombrio dentro do seu peito.
A mesa estava iluminada pela tela do notebook, que brilhava como um farol frio de aço. Planilhas abertas ao meu redor, contratos em códigos obscuros, e números flutuando na borda do precipício da incerteza. A cada nova aba que eu abria, parecia puxar um fio do novelo complicado que eu vinha desenrolando por meses. A queda de Caio Valença não seria marcada por balas ou tiros, mas por cliques silenciosos.
**1. Cortar o ar**
Um simples toque em