**Quarto 312 — Hotel Serramar**
*Narrado por Lorena Mello*
O vapor quente do banho ainda se espalha pelo ambiente, deixando marcas suaves na minha pele. O baby-doll preto desliza lentamente, colando-se ao meu corpo como se fosse uma tinta fresca, que ainda se molda nas superfícies. Na penumbra do quarto, a luz quente do abajur ilumina de forma suave o homem que está adormecido na poltrona: Dante. Ele está com a camisa aberta, a barba por fazer, e seu corpo parece ter sido atravessado pelo peso da exaustão e de batalhas que não foram travadas apenas no campo de combate.
Vou em direção a ele em silêncio absoluto. O aroma de sabonete clínico se mistura ao cheiro do papel que, imerso em estratégias, se aqueceu com o tempo. Assim que me aproximo, percebo que seu ombro se contrai num pequeno espasmo, um reflexo de um soldado que sonha com trincheiras.
— Dormi quanto tempo? — sua voz surge rouca, rasgando a quietude da madrugada.
— O suficiente para perder tanto o jantar quanto metade da m