**[Narrado por Helena Valença]**
Dois anos e quatro meses.
Esse número está indelevelmente gravado em mim não na pele, mas na essência do que sou. É o tempo que medeia a mulher que sepultou Dante daquela que agora respira, tentando convencer a si mesma de que seguir em frente é sinônimo de continuar viva.
Toda sexta-feira, acendo velas invisíveis.
Não por fé, mas por hábito.
Vinte e oito velas a quantidade que marcou seu último aniversário. O último antes da morte.
E agora?
Cada vela acesa é uma recordação que se extingue mais lentamente do que a dor que carrego.
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Era uma sexta-feira.
Chovia fininho, o trânsito estava caótico, aquele tipo de dia que parece desenhado para testar a paciência de qualquer um.
Eu já havia guardado o notebook quando Caio apareceu em minha mesa sorriso confiante, perfume caro e aquele olhar característico de alguém que sempre tem um plano em mente.
— “O pessoal da holding assinou a expansão.” — disse ele, apoiando as mãos na mesa. — “Vam