Charlotte
Algo estava diferente.
Eu percebi no jeito como Max me observava em silêncio durante o café da manhã, como se estivesse decorando cada traço do meu rosto. No cuidado exagerado com os detalhes do dia a dia, no modo como me oferecia chá nas tardes frias e fazia carinho nos meus cabelos enquanto eu embalava Giovanni.
Era o Max de sempre — presente, dedicado, apaixonado — mas havia algo a mais. Um brilho no olhar. Um nervosismo disfarçado. Um certo ar de… espera.
— Tá tudo bem? — perguntei, numa dessas noites em que ele demorou um pouco demais olhando pro nada.
Ele sorriu, beijou minha mão e respondeu como quem escondia um segredo precioso.
— Tá melhor do que eu sonhei.
Clara, claro, fingia inocência com a sutileza de um elefante numa loja de cristais. Toda vez que eu tocava no assunto, ela desconversava com um entusiasmo que só servia para me deixar mais desconfiada.
— Amiga, às vezes o universo só tá conspirando pro seu bem — disse ela, me entregando um café com leite espumado