Chove devagar lá fora. Aquelas chuvas que mais abraçam do que molham.
Estou sentada no sofá da sala, enrolada no meu cardigã velho, com a caneca de chá de camomila já pela metade. Giovanni dorme. Max está no escritório, terminando alguma reunião, mas me lançou aquele olhar antes de subir… o olhar que diz “assim que eu terminar, volto pra você”.
Abri meu caderno hoje. O diário que guardei por tanto tempo. Já quase não escrevo mais nele, talvez porque as palavras tenham virado presença. Mas hoje senti vontade. Porque às vezes, o coração transborda tanto, que escrever se torna inevitável.
“Nunca achei que amar de novo fosse possível.”
Sim. Porque depois de tudo… depois da dor, do abandono, da confusão, eu achei que havia me perdido. Achei que tinha me reconstruído inteira só pra nunca mais me deixar amar.
Mas o amor — ah, o amor de verdade — não volta igual. Ele não se repete. Ele não pede licença. Ele se transforma. Ele volta mais maduro. Mais real. Ele floresce em terra que antes parec