Dois anos depois
A vida, agora, tem outro ritmo.
As manhãs começam com passos apressadinhos no corredor — Giovanni, sempre o primeiro a acordar, cruzando o chão de madeira com seus pezinhos descalços, rindo sozinho, como se a simples ideia de mais um dia fosse motivo suficiente pra comemorar.
A casa no campo nos deu uma paz que eu não sabia que precisava. Longe dos ruídos, do concreto sufocante, da pressa. Aqui, o ar é mais leve. Os sons são outros: pássaros, o rangido das árvores ao vento, a água da chuva batendo no telhado. E as risadas do Gio. Sempre as risadas dele.
Acordei com a luz suave da manhã entrando pelas cortinas claras do quarto. Max ainda dormia ao meu lado, o peito nu subindo e descendo devagar. A barba por fazer, os cílios longos, e aquele leve franzir entre as sobrancelhas que só desaparece quando ele sonha comigo — segundo ele mesmo diz.
Desci devagar, e encontrei Giovanni na sala, com o cabelo bagunçado, um pijama de dinossauro e os braços estendidos pro alto.
— Ma