A liberdade de César se transformava em espetáculo, e espetáculos sempre deixam rastros. Dois dias depois da ostentação no restaurante, ele apareceu em outro palco: um bar de vinhos em Curitiba, local de políticos discretos e empresários que preferem falar baixo. Mas César não sabia falar baixo. Ergueu taças, soltou frases que misturavam bravata e ameaça, e foi ouvido por quem não devia.
Aline recebeu o relatório em tempo real. Equipe fantasma posicionada, microfones de longo alcance captando não só o tom, mas a soberba. Ela rabiscou setas num papel pardo, cada linha fechando mais o círculo em torno dele. Não precisava correr; precisava esperar o passo em falso. E ele vinha em ritmo de desfile.
— Ele se expõe porque acredita que o habeas é muralha — explicou a Vivian, que o ouvia da cozinha, mãos trêmulas segurando uma xícara. — Mas habeas é vidro. Qualquer pedra quebra.
Vivian assentiu. Tinha aprendido a ver a fragilidade por trás das fachadas. No espelho, via a si mesma assim: Scarl