O tribunal estava mais cheio do que o normal. Jornalistas se amontoavam nos corredores, mas Eduardo já estava acostumado a atravessar multidões em silêncio. O que não estava acostumado era abrir sua pasta e encontrar, entre autos e petições, um envelope sem timbre. O coração fez um compasso estranho quando puxou o papel e leu: “Ou você para, ou a sua vida para.” Não havia assinatura, apenas uma foto: a fachada da casa de sua mãe, em Sant’Ana do Vale. Uma ameaça que não precisava de carimbo.
Respirou fundo, guardou o envelope por baixo da pilha e seguiu a audiência como se nada tivesse acontecido. O olhar firme, a caneta alinhada, a toga ajustada. Mas dentro dele algo sabia: a linha que separava a lei do crime estava cada vez mais tênue.
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No clube, Camila desfilava como se o chão fosse seu. O vestido curto, o salto de cristal, o sorriso de quem acreditava que sempre poderia enganar todos. Vivian a observava de longe, inquieta. Sabia que a amiga brincava com fogo, mas não imagin