Choveu de madrugada e a terra da estrada vicinal virou lama batida por pneus. O caseiro da chácara notou primeiro: um vulto no barranco, meio coberto por capim alto. Achou que fosse lixo. Não era. O corpo tinha o vestido preto grudado no corpo como uma pele que não pertencia mais a ninguém. O rosto estava virado para o chão. Havia marcas no pulso, como pulseiras de ferro. O telefone, partido em dois, brilhava na poça, piscando uma notificação que nunca seria lida.
A viatura chegou com o som discreto de quem sabe que certas cenas não pedem sirene. O sargento fez o básico: isolou a área, fotografou, cobriu. O laudo preliminar falaria em execução, em tiro limpo atrás da orelha, em sinais de transporte. A estrada era o lugar onde as histórias terminam quando não se quer rastro. O nome não saiu no rádio. Apenas “mulher, jovem”, como se o gênero e o tempo de vida fossem suficientes para contar tudo.
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No clube, a manhã chegou com cheiro de desinfetante e café queimado. Gaia entrou ant