A madrugada parecia feita de respirações curtas. Scarlett caminhava pelo salão com passos de vidro, cada um mais calculado do que o anterior. O protocolo de Gaia funcionava como muralha invisível: rotas curtas, olhares controlados, horários cronometrados. Mas naquela noite havia algo fora de compasso. O ar parecia mais denso, como se a própria casa observasse.
No corredor B, um homem tentou interceptá-la. O sorriso era educado demais, o convite polido demais. — Só uma palavra, senhorita — disse, estendendo discretamente um cartão dourado. Gaia surgiu atrás dela com a precisão de uma lâmina. — Palavras se compram na recepção, cavalheiro. Aqui, apenas silêncio. — Puxou Scarlett para o outro lado e continuou andando sem permitir réplica. O homem guardou o cartão, mas o olhar ficou: não de desejo, e sim de cálculo.
Vivian voltou ao camarim com o coração acelerado. Sentou-se diante do espelho, mas não conseguiu se ver. Apenas a sombra da exclusividade que a sufocava e a protegia ao mesmo t