Acordou do sonho outra vez — mesma penumbra, mesmo homem parado entre ela e uma claridade que nunca chegava. O rosto seguia um borrão, como se a luz o proibisse de existir, mas a mão dele era nítida, morna, firme. E a palavra voltava, paciente, no ritmo da respiração:
— Respira.
Dessa vez, porém, havia um som novo ao fundo, seco, repetido: um bater de madeira contra pedra. Não era porta; era martelo. O toque ecoava como se viesse de um salão grande de teto alto. “Tribunal”, pensou ao despertar, com o coração avançando três passos de uma vez.
Vivian sentou-se na beira da cama e encostou os dedos nas têmporas. A madrugada deixara na pele aquele sal de quem nadou e quase afogou. A luz do banheiro acendeu e revelou uma versão dela mesma sem Scarlett: trança baixa, olheiras mansas, a fotografia de Mariana ainda presa por dentro do forro do vestido da noite anterior, como se o amor pudesse fazer papel de talismã.
— Quem é você? — sussurrou ao espelho, não para si, mas para o homem sem