O salão estava pronto para mais uma noite de cifras altas e sorrisos calculados. As mesas tinham taças alinhadas, o piano tocava em volume baixo, e o gerente circulava como maestro em orquestra de vaidades. Scarlett desceu as escadas com a postura que todos esperavam: firme, altiva, soberana. Mas não usava o vestido vermelho da caixa. Escolhera um conjunto preto, corte sóbrio, tecido pesado que não reluzia. Um silêncio breve tomou o espaço, seguido por cochichos. Era como se todos percebessem que ela havia ignorado um código invisível.
— Você fez errado — sibilou o gerente quando ela passou, o sorriso no rosto escondendo o veneno. — O vermelho era sinal.
Scarlett não diminuiu o passo. — Quem dá sinais deve estar preparado para não ser seguido.
Clientes poderosos a olharam de cima a baixo, alguns com desdém, outros com fascínio renovado. Um banqueiro, já embriagado, comentou alto o suficiente para todos ouvirem: — Selvagem até para contrariar ordens. — Risos nervosos ecoaram, mas havia