O corredor cheirava a perfume caro e eletricidade. Scarlett caminhou como sempre — passos firmes, cabeça erguida —, mas a pele parecia sentir fios invisíveis se enroscando a cada esquina. Desde o bilhete “Quem não veste, não respira”, o clube perdera o verniz de fantasia. Luz âmbar virara luz de alerta.
O gerente a interceptou antes mesmo de ela alcançar o camarim. Sorriso de catálogo, olhos de cobrança.
— Precisamos conversar sobre as últimas recusas — disse, em voz aveludada. — Alguns parceiros ficaram… desapontados. Isso pode se refletir em cortes para a casa — e, aqui, inclinou-se um pouco —, e para você e suas amigas.
Scarlett não piscou.
— Não sou linha de orçamento — respondeu. — Nem item de prateleira. E a casa não vai ruir porque eu escolho o que visto.
— Escolhas têm preço, Scarlett. E, às vezes, quem paga é quem está ao lado — concluiu, deixando a ameaça pousar sobre Gaia, Aurora e Camila.
Ela o contornou sem outra palavra. O camarim estava frio. Gaia aguardava com uma xíca