Eduardo fechou a pasta de processos com força incomum. Não conseguia mais fingir equilíbrio. A cada linha que lia, sua mente voltava para a nota do jornal, para a palavra repetida como feitiço: Scarlett. O investigador finalmente aparecera no fim da tarde, com passos firmes e um envelope gasto nas mãos.
— Doutor, confirmei que a tal ruiva existe. Frequentadores a chamam de Scarlett. É exclusiva, bem protegida. Não se expõe em público. Mas… — ele abriu o envelope, mostrando uma foto mal recortada, tirada de longe, grãos borrados. — Esta é a melhor que consegui.
Eduardo puxou a imagem com cuidado. Não era rosto, apenas um recorte de perfil: o cabelo ruivo iluminado por reflexos dourados, a sombra de um vestido escuro entrando num carro de luxo. Bastou. O coração acelerou como no dia do acidente. Ele reconheceria aquele tom em qualquer lugar.
— Onde foi? — perguntou, a voz mais baixa que um sussurro.
— Saída lateral do clube. Carro blindado, motorista particular. A garota é vigiada.
Edua