Curitiba acordou cinza. Scarlett, não. Vivian abriu os olhos antes do despertador e ficou olhando o teto do quarto, contando mentalmente as fendas do gesso como quem decifra um mapa secreto. O celular piscou: mensagem de Gaia — “Hoje evento fechado, convidadas pontuais. Traz o vestido grafite.” — e um áudio curto de Aurora, risonho, cheio de purpurina na voz: “Amiga, sonhei que minha vida mudava numa terça-feira. Hoje é terça. Coincidência? Não acredito em coincidências.”
Vivian respondeu com um emoji de coração, sem coragem para prometer alegria. A janela deixava entrar um vento cortante. Ela preparou café e bebeu em goles pequenos, fingindo que a rotina domava o insuportável. No caderno surrado, onde havia escrito “Vivian não pode desaparecer”, acrescentou: “Scarlett precisa obedecer à Vivian.” Fechou. Guardou. Vestiu a máscara do dia.
No clube, o corredor cheirava a limpeza recente, e o camarim fervilhava. Luna aparava uma mecha de cabelo com tesourinha, enquanto Aurora exibia um v