O dia amanheceu pesado sobre Thariel. O céu estava encoberto por nuvens baixas, como se o próprio firmamento também temesse a ira de Vermon. Liora acordou antes do primeiro sino tocar na torre da praça, seus olhos ainda ardiam do incenso queimado no dia anterior, e seu coração pulsava num ritmo estranho, inquieto. A noite lhe trouxera um pressentimento amargo — daqueles que não se explicam, mas que não podem ser ignorados.
Ela se levantou devagar, puxando o xale surrado sobre os ombros e indo até a pequena janela de sua cabana. A neblina lambia os campos, e os postes com os estandartes do rei ainda balançavam com o vento que soprava do sul. Por um momento, quis acreditar que tudo poderia permanecer como estava: seus dias divididos entre as compressas de ervas e os olhos vazios dos aldeões. Mas algo queimava sob sua pele. Algo que ela havia tentado reprimir por anos, desde que fugira de Oríntia com os joelhos em sangue e o coração em ruínas.
Liora era uma Dupla — terra e água. Uma comb