Uma vilã nasce vilã ou se torna vilã? Isabelle, uma garotinha que era feliz, até que tragédias a levaram a crescer amargurada e triste por dentro. De uma simples criada, tornou-se uma perigosa rainha vingativa, ávida pelo sofrimento de todos, já que não conseguiu o seu final feliz para sempre. Amar ou se vingar? Ficar ou voltar? Qual é a escolha desse dragão feroz? Ainda há sentimentos em seu coração negro? Leia “Vermelho, um amor de sangue” e fique fascinado e apaixonado por essa rainha perversa.
Leer másUm dia, peguei-me fazendo uma pergunta. Será que os vilões poderiam ter um final feliz? Mas, outra pergunta me surgiu. Qual seria o final feliz de um vilão? Vencer finalmente aqueles que atrapalham seus planos? Contos, livros e filmes determinam que eles, (os malfeitores) precisam morrer ou serem humilhados, para pagarem por tudo de ruim que fizeram. Interessante, muitos não pararam para pensar se os vilões já nasceram assim, domados pelo ódio.
Sempre vão existi aqueles mocinhos heroicos (irritantes) que transformam uma simples e linda borboleta em um feroz e brutal dragão que simplesmente estava adormecido. Perdoe-me se meus pensamentos estão errados, e perdoe-me também se o que escrevo aqui lhe mostra que sou um admirador de vilões - não deixa de ser verdade -, mas creio que se você parar e pensar em todos os livros que leu, filmes e series que assistiu, vai reparar que os famosos malfeitores, tiranos, bruxos e feiticeiros, tem bastante classe.
A história que contarei aqui não é um “era uma vez”, muito menos sobre algum mocinho, um bravo e corajoso Príncipe ou alguma Princesa indefesa, mas sobre uma criança, uma jovem, uma mulher, que nasceu, cresceu e sobreviveu em uma situação caótica. Porém, essa pessoa não se tornou uma fraca tola e sim uma temida mulher determinada a encontrar seu verdadeiro final feliz para sempre.
Contudo, para que tenham um maior entendimento de todo o desenrolar dessa mágica trama, preciso retroceder e dar um novo inicio a ela. Não voltaremos muito no tempo, apenas alguns meses antes do primeiro capitulo, em um lugar distante, desconhecido pelas mentes fechadas e cobiçadas pelas abertas. Eram terras frias com tonalidades marcantes, o marrom lamacento se estendia por toda parte, recebendo visitas de folhas secas de árvores que morriam lentamente, agonizando e cantando seu lamento com a brisa gélida e fedida que bailava sem medo.
Esse lugar era apenas uma parte do Vestra Mundo, uma dimensão diferente da nossa, - paralela -, em que a magia era real.
E em busca dessa realidade, ela caminhava tremula de frio e de medo, com seus grandes olhos correndo para todos os lados, imaginando monstros, ouvindo vozes não ouvidas e vendo seu fim distante. Usava um longo vestido verde já sujo de lama e estava coberta por uma capa preta, com furos, florescendo o seu estado deplorável.
Seus pés queriam parar e sua voz gritar, mas seu coração palpitava freneticamente rezando por uma solução. Então ela prosseguiu, aprofundou-se mais e mais naquela floresta morta, enquanto as estrelas brilhavam para outra direção. O que lhe salvara da profunda escuridão, fora o lampião que carregava em uma de suas mãos, iluminando vestígios de caminhos.
A mulher talvez estivesse arrependida, mas chegou tão longe e saber disso a motivava a lutar pelos seus sonhos..., mas ela não sabia que ali seria o fim de todos eles... ou realmente uma porta para um início... um novo início.
Pensou com lágrimas nas guerras que os Reinos estavam enfrentando e que breve poderia ser o seu. Pensou em como queria mudar a sua vida e de sua família... sim, era por eles. Era por amor.
Suspirou aliviada quando avistou uma luz de fogueira dançar um pouco distante. A medida que acelerava seus passos cansados, ela ouvia vozes, as vozes que queria ouvir, mas que muito temia. Ela não compreendia o que as vozes diziam, mas sabiam que elas cantavam.
Mais próxima, conseguiu acertar que eram três distintas. Uma rouca, uma esganiçada e outra áspera. Era uma conversa cantada e não muito rimada, mas era de arrepiar. As vozes pertenciam às lendas que a mulher procurava para tecer linhas para seu destino, conhecidas como Bruxas Sororibus, que significa, irmãs.
Para alguns entendidos, elas se assemelhavam as Moiras na mitologia grega e as Parcas na mitologia romana, não pela aparência, mas pela história. Eram as três irmãs, filhas da noite, que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos.
Elas dançavam ao redor de uma fogueira que “nequíciava” suas aparências. Eram seres indefiníveis, esquálidas e estranhas, com cabelos grisalhos.
Havia sons de tambores, que acompanhavam o ritmo da dança das irmãs, mas não havia sinal algum de instrumento no local. Então, para obscurecer mais ainda a performance das Sororibus, raios e trovões se faziam presentes, anunciando uma chuva que nunca chegou.
– Quando estenderemos a mão e parar a chuva, raio e trovão? – A bruxa de voz rouca cantarolou.
– Depois que queimar a palha e vencerem essa batalha. – A bruxa de voz esganiçada respondeu saltando.
– Brevemente então, irmãs, sem falha. – A bruxa da voz áspera afirmou.
– A gente esperou e a visita chegou. – A primeira bruxa, rodopiou e olhou para a mulher que acabou de chegar.
– Onde? Onde? Onde? – As outras duas se agitaram perguntando, olhando de um lado para outro, até que seus olharam pararam na mulher que nada entendia.
– Aqui na morta charneca, bisbilhotando nossa discoteca. – A primeira bruxa de voz rouca sussurrou inclinando seu corpo ficando um pouco corcunda.
– Que desprazer a ter aqui, nem pude arrumar meu cabelo de Mapuxiqui. – A segunda bruxa acariciou seu cabelo grisalho.
– Deixe de maldizer, irmã, temos a mocinha a nosso bel-prazer. – A terceira áspera, se aproximou e as outras duas a seguiram.
O arrependimento que a mulher exausta sentia, estava maior e evidente. Seus olhos ardiam de lágrimas presas e tudo que ela mais queria fazer, era mover seus pés e correr para longe das bruxas esquálidas que lhe encaravam e se aproximavam.
– Diga! – As três bruxas bradaram em sintonia.
– Diga! – Repetiram mais violentas, respondidas pelo trovão que urrou no escuro céu.
– DIGA! – Se esgoelaram enfurecidas, fazendo o chão tremer e a mulher amedrontada saltar e chorar.
Ao perceberem a cena molhada, as bruxas pararam, observaram e gargalharam. Elas se divertiam, riam, choravam, se esperneavam, dançavam e paravam para fitarem mais uma vez a visita que aos poucos se afastava.
– Não vá, só queremos aproveitar. – A primeira bruxa segurou os braços de suas irmãs, controlando-as.
– Só preciso de ajuda! – A mulher finalmente conseguiu dizer algo, mesmo em meios aos prantos desesperados.
As bruxas controlavam os risos e fingiam se compadecer com a súplica da visita. Abafavam suas piadas e pensavam em como prosseguir sem fazerem gracinhas. Então elas giravam ao redor da mulher, analisando-a, olhando-a de cima a baixo, verificando seu destino.
– Eu sou Fulana! – A bruxa de voz rouca apresentou-se.
– Eu sou Siclana! – A bruxa de voz esganiçada fez o mesmo.
– Eu sou Beltrana! – A última bruxa, de voz áspera, também.
E então pararam, cada uma em uma posição teatral, e assim permaneceram, até a mulher olhar para cada uma delas.
– Como deseja nossa ajuda, coração que braveja? – Fulana questionou em um sussurro quase inaudível. Ela estava engasgada, mas era muito orgulhosa para tossir na frente de visitas.
– Diga! – Siclana e Beltrana sussurravam em sincronia.
Aquele era o momento em que a mulher tanto esperava. As lendas estavam ao seu redor, esperando um pedido, esperando palavras para tornarem realidade. Ela tinha receio de proferir as erradas e tudo dar errado, então enquanto olhava para cada uma bruxa que constantemente trocava de posições performáticas, ponderava.
– Tempo podemos até ter tempo, mas pode haver contratempo. – Beltrana apressou a mulher e em seguida cuspiu no chão. Suas irmãs riram. – Eu quero que minha família tenha uma vida melhor. – A mulher desejou com todas as forças, com toda fé que ainda lhe restava.
Os raios e trovões, assim como os tambores se silenciaram. As 3 Bruxas Sororibus se ergueram, consertando suas posturas e já não estavam mais brincalhonas e sim sérias. Mais assustadoras.
– Mulher de sofrimento sem igual, fez um pedido genial. – Fulana murmurou.
– Veio silenciar uma dor, mas fará um favor. – Siclana anunciou.
– Sua vida entregará, em troca do que veio buscar. – Beltrana finalizou.
– Preciso morrer para que minha família seja feliz? – A mulher questionou perplexa. – Sim! – As Sororibus afirmaram juntas.
Ela chegou até ali, não queria voltar de mãos vazias, não queria jogar fora um proposito e um sonho, mesmo que custasse a sua miserável vida.
– E que garantia eu tenho? – A mulher indagou perdendo seu medo, convicta que finalmente daria um final feliz para sua família, mesmo que sem ela.
– Sua filha, a menininha, ela será um dia rainha! – As Sororibus em uma bizarra concomitância, fizeram suas vozes ecoarem pela floresta morta.
A mulher que estava prestes a entregar sua vida para as irmãs bruxas, sentiu seu corpo se arrepiar e estranhamente, sabia que elas estavam dizendo a verdade. Não sentia medo e sim alegria, por saber que um dia sua menina se tornaria o que ela não foi um dia. A mulher abriu um sorriso que carregava lágrimas, que deslizavam cristalizando em sua face pálida já não mais assustada.
As bruxas salivavam, esfregavam suas mãos, estavam nervosas, ansiosas, desejosas.
– Tudo bem, eu aceito! – A mulher então decidiu entregar-se. – Um beijo darás em cada uma nós, para selar o quem vem após. – Beltrana declarou com alegria.
Como pedia o ritual, a mulher que se entregou a morte para realizar um sonho, beijou cada uma das bruxas. Não havia nojo e nem repulsa, apenas esperanças de que tudo estava indo bem. Quando suas bocas se afastaram, a visita que pensava que jamais retornaria, abaixou sua cabeça em submissão, retirando o capuz, revelando seu grande cabelo vermelho como fogo.
Os olhos das bruxas brilharam.
– Volte para seu lar, mulher que parou de chorar. – Fulana ordenou tornando a ficar corcunda.
– Eu não morrerei? – A mulher indagou confusa.
Fulana tirou de dentro do seu emaranhado cabelo grisalho, uma boneca de pano e entregou a sua segunda irmã.
– Não aqui! – Siclana bradou entregando a boneca a sua terceira irmã.
– Não assim! – Beltrana vozeou entregando a boneca a mulher desnorteada.
– Agora vá! – As Sororibus urraram irritadas, expulsando a mulher para longe de suas terras.
Nada melhor que passar a lua de mel em uma casa de praia. Um sol quente, um mar calmo e transparente para um banho gostoso e refrescante. Eu podia sentir o cheiro da água salgada, podia sentir a areia em meus pés, entre meus dedos, o sol quente, mas não incomodava. Mas eram apenas imaginações, quem realmente estava sentindo isso tudo, foi Isabelle e seu esposo, o Juan.Cesar ficou com a babá e os recém-casados passariam uma semana fora. Izuperiu foi junto, mas escondido e ficou nas redondezas.Isabelle corria pela praia que foi encontrada descalça rindo, Juan corria atrás querendo lhe pegar. Pareciam duas crianças brincando. Ele era mais rápido e a alcançou facilmente, lhe agarrando pela cintura a derrubando na areia. Sobre o corpo dela, deitou-se com cuidado para não pôr peso e a beijou meigamente e apaixonado.Tudo aquilo era novo para
Mas era uma bela manhã... Uma linda manhã. Para um glorioso casório. Tudo tinha que sair conforme os mínimos detalhes, sem falhas e sem erros. Todo o plano daria certo, se tudo fosse arquitetado com grande maestria. Faltavam exatamente 5 horas para Isabelle andar até o altar e naquela manhã, sentia dentro de si, um pouco de nervosismo, afinal, era seu primeiro casamento. Querendo ou não, era um momento especial. O vestido que escolheu além de luxuoso, era muito caro, mas seu amado lhe deu autorização para escolher o qual quisesse. Optou pegar um bastante parecido com os vestidos de Carmim, digno de uma Rainha. Cabelo, maquiagem, unhas e estado espiritual estava por conta do Ray, tal ele que estava frenético andando para todos os lados dando gritos nos auxiliares. – Meu Deus, tragam logo a merda desse estojo de maquiagem. Quero deixar essa mulher diva. – Bradou ele olhando Isabelle através do reflexo do espelho. – Creio que já sou diva,
Meses depois. O casamento estava próximo e todos preparativos estavam sendo feitos por uma produtora de eventos chamada Laura e alguns cerimonialistas. Como Isabelle mostrou não ter muito conhecimento sobre casamentos, já que nunca esteve casada, seu noivo contratou um consultor de moda bastante alegre para seguir e respaldá-la no que fosse preciso. – Ray, pelo amor do divino, esse vestido é muito chamativo e não gosto disso. – Isa murmurou totalmente entediada. – Ah mulher, você é muito brega, melhore viu? – Ele fechou a revista e foi procurar outra. Ray é homossexual e bastante para frente. Tem uma língua afiada e um senso de moda incrível. Sempre que se portava a Isabelle daquela forma bem introvertida, a mesma controlava-se para não lhe chutar para fora do serviço, mas por dentro, ela gostava daquela alegria, ela se divertia a cada frase dita por ele. – Ray, então, estamos aqui sentados escolhendo um vestido à mais
Finalmente seu plano estava dando realmente certo mais uma vez, mas tinha receio de tudo desandar como acontecera em Carmim, mostrando ser uma Rainha com brechas. Estava ali em pé de frente para o homem chamado Juan que jazia ajoelhado em seus pés segurando sua mão a pedindo em casamento. Isa estava rubra de envergonhada e ao mesmo tempo, sem transparecer nada, estava sentindo-se vitoriosa. Não sabia o que fazer naquele momento. Ela queria dizer SIM bem alto deixando toda sua euforia extravasar, mas toda sua encenação que realizara outrora seria em vão, já que se mostrava triste e indecisa com sua volta para seu falso lar e família. O encarou com ternura e com tristeza. Levou sua vaga mão até seu coração e respirou fundo. – Juan... – Parou de falar e mordeu o lábio inferior. – Estou completamente sem palavras... Oh! – Virou lentamente sua cabeça olhando para sua esquerda, fitando um pequeno quadro na parede. Vocês sambem, charme de mulher.
Isabelle pensava em todas as hipóteses que existiam de voltar para seu Reino e encontrar seu final feliz, reinando após concretizar toda a sua vingança. Mas ela seria realmente feliz sem amor? Já estava ficando tarde quando o carro que portava a Rainha estacionou. O motorista formalmente levantou-se, caminhou até a porta traseira e a abriu cuidadosamente, oferecendo sua mão à Isa que a agarrou sem pensar duas vezes. Com um singelo sorriso, saiu do carro e respirou fundo, encarando a grande casa do Juan. Agradeceu ao motorista e como não precisava mais dos vossos serviços, começou a caminhar adentrando sem sua companhia. Como não possuía a chave ainda, tocou a campainha, aguardou ser recebida. A empregada abriu a porta e sem cerimonias, Isa atravessou sem nenhum cumprimento. Olhou em volta e percebeu que estava tudo diferente, Juan com toda certeza havia passado por ali. Ela sorriu, era isso que estava querendo. Lentamente subiu as escadas e cami
Isabelle estava mais uma vez determinada a fazer de tudo para voltar a Carmim, já que descobriu que poderia sim fazer isso acontecer, mas tudo dependia dela. O poder da morte no nosso mundo é totalmente diferente, por esse motivo, ela não pode levar ninguém, ela simplesmente faz as pessoas se guiarem até ela. Se é que você me entendeu. Isa, toda meiga, tinha que convencer Juan, a deixar o Izuperiu ficar, mas não poderia lhe dizer que o conhecia. Isso geraria suspeitas, logo, teve uma excelente ideia que mais tarde foi mais que preciosa. No dia seguinte, quando todos acordaram cedo demais, devido ao plano. Juan saia aquele horário para trabalhar e já confiava em Isabelle para ficar sozinha em casa, mas não dispensou a babá do garoto que sempre cuidou do mesmo. Izuperiu não se incomodou de juntar as poltronas e dormi ali, para não precisar dividi a cama com sua Rainha. Acordou cheio de dor e fazendo alguns exercícios estalando cada parte travada de seu corpo.
Último capítulo