Selene: A Escuta que Precede o Voo
O caminho até a Casa dos Ecos não era fixo. Após o desjejum, Selene foi deixada sozinha, por Thalion, no terraço mais alto de Aquenor. O vento soprava constante ali, como se a própria cidade respirasse. Havia apenas um círculo de pedra no centro do terraço — liso, antigo, gravado com linhas espiraladas que lembravam correntes de ar.
Ela hesitou.
Mas então, uma corrente ascendente soprou de baixo para cima, erguendo-a do chão. Leve, mas firme, o vento a envolveu por completo. Não havia asas, nem cordas — apenas o deslocamento perfeito, como se o ar soubesse exatamente onde ela devia ir.
Ela foi levada.
Atravessou um céu diáfano, até que nuvens espessas a engoliram e, por um momento, o mundo deixou de ter direção. Cima e baixo deixaram de importar. E então, suavemente, foi colocada no chão de pedra translúcida de um lugar impossível: uma formação flutuante acima das nuvens, com pilares ocos que cantavam ao vento.
Ali, no centro, havia a Casa dos Ecos.