Mathias nunca escolheu ser um vampiro. Entregue a um lorde como pagamento pelo próprio pai, foi transformado contra sua vontade e deixado para morrer. Mas, em vez de sucumbir, abraçou sua nova existência com um único propósito: vingança. Com o tempo, tornou-se mais forte, mais letal e traçou o caminho para destruir aqueles que o condenaram a essa vida. Quando finalmente elimina o responsável por sua condenação, ele descobre que o preço foi alto demais. Ele perde sua parceira Catarine. Decidido a honrar sua memória, ele abandona o passado e busca um novo propósito, tornando-se um renomado cirurgião. Maya acreditava ter encontrado o amor perfeito, mas Kendrick era apenas uma ilusão. Quando a vida de Maya está prestes a se desfazer por completo, um desconhecido surge das sombras para salvá-la. Mathias passou um século acreditando que jamais voltaria a amar — até Maya. Ela se tornou sua nova razão, seu tormento, sua tentação proibida. Mas ele sabe que não pode tê-la. Não quando sua verdadeira natureza é um perigo que poderia destruí-la. Porém, após um confronto inesperado com Kendrick, Mathias percebe que o destino de Maya está entrelaçado ao seu de um jeito que nem ele poderia prever. Agora, só existe uma alternativa: arrastá-la para o seu mundo sombrio e protegê-la.
Ler maisMATHIAS (DÉCADAS ANTES)
Eu nunca quis ser um vampiro. Nunca desejei a eternidade ou o poder que muitos acreditam ser uma bênção. Para mim, tudo começou com uma traição — a do meu próprio pai.
Ele estava afundado em dívidas, e quando o lorde Richard apareceu para cobrar o que lhe era devido, meu pai não hesitou. Ofereceu-me, como pagamento, seu único filho. Não houve despedidas, nem pedidos de desculpa, apenas o olhar frio de quem já tinha tomado a decisão.
Lembro-me do toque gelado do lorde, dos dentes perfurando minha pele em uma noite gelada, e da dor excruciante enquanto meu sangue se esvaía. A morte parecia chegar devagar, uma escuridão silenciosa que me abraçou. Mas eu não morri.
Quando acordei, estava à margem da floresta escura e silenciosa, além de algo muito errado estar acontecendo comigo. O mundo parecia diferente — mais nítido, mais intenso, quase insuportável. Meus sentidos gritavam, mas nada foi tão devastador quanto a sede.
Era como se minha garganta estivesse queimando sem trégua, enquanto meu corpo clamava por algo que eu não sabia o que era. Tentei controlar aquela sensação, mas a sede… a sede era algo incontrolável.
Eu não sabia o que estava acontecendo até sentir o cheiro de sangue pela primeira vez. O desejo foi instantâneo, primitivo. Uma parte de mim tentou lutar, mas a necessidade… ah, a maldita necessidade venceu.
Meu corpo moveu-se por conta própria, uma força descomunal despertou em mim. Antes que percebesse, eu já estava correndo. Rápido. Mais rápido do que qualquer coisa humana deveria ser. O mundo ao meu redor tornou-se um borrão, o vento cortando meu rosto, mas a única coisa que me guiava era o cheiro.
Sangue.
O aroma doce e metálico me atingiu como uma faca, guiando-me até eles — dois jovens aventureiros sentados ao redor de uma fogueira improvisada. Eles riam, sem saber o que estava acontecendo ao seu redor.
Eu lutei contra o desejo. Meus pés vacilaram, meu peito subiu e desceu em agonia enquanto tentava me agarrar à última centelha de controle que me restava.
— Não… — sussurrei, minha voz rouca e irreconhecível.
Mas a sede era implacável. O cheiro do sangue que corria em suas veias preencheu cada canto da minha mente, abafando qualquer tentativa de resistência. Em um instante, minha visão ficou escura e, quando voltei a mim, os corpos dos dois jovens estavam estendidos no chão, sem vida, seus rostos congelados em expressões de pavor.
Caí de joelhos, ofegante, encarando minhas mãos cobertas pelo sangue deles. Uma onda de horror tomou conta de mim, afogando qualquer sensação de alívio pela sede que havia sido saciada. Eu queria vomitar. Eu queria morrer de verdade dessa vez.
— O que eu fiz? — Murmurei, a voz falhando.
Naquele momento, compreendi o que havia me tornado. Eu não era mais humano. Fui arrancado do mundo dos vivos e lançado em um pesadelo eterno.
Naquela noite, jurei que nunca me perdoaria pelas vidas que drenei. Eles eram inocentes, e eu fui o monstro que trouxe a escuridão sobre eles.
Quando o dia começou a amanhecer, uma luz fraca rompeu pelas copas das árvores, tocando minha pele exposta. O primeiro raio de sol queimou como ácido.
A dor foi imediata e insuportável, espalhando-se por meu braço como fogo vivo. Minha pele borbulhou e rachou, deixando meu braço em carne-viva. Gritei, caindo de joelhos, tentando cobrir o braço com as mãos, mas o simples toque do sol bastava para que a dor se intensificasse ainda mais.
Corri até uma caverna, pensando que fosse o fim. Que aquilo finalmente me destruiria. Mas não foi o que aconteceu. Horas depois, a dor diminuiu. A pele queimada começou a se regenerar diante dos meus olhos, o tecido se recuperando novamente, como se o tempo estivesse retrocedendo. A carne destruída foi substituída por uma pele nova e intacta, sem cicatrizes.
Fiquei parado ali, encarando meu próprio braço, incrédulo. Eu era indestrutível, mas, ao mesmo tempo, vulnerável de formas que nunca imaginei.
Lentamente comecei a entender o que eu realmente era. Não um homem. Um monstro diferente, uma criatura feita de sombras e fome, com uma capacidade sobre-humana de recuperação — e uma fraqueza que poderia me destruir se eu não fosse cuidadoso.
O sol era meu inimigo. Mas a noite… a noite seria minha aliada. E enquanto fiquei ali refletindo sobre tudo, sentia o poder crescendo dentro de mim, junto com a sede e o ódio. Meu corpo tornava-se mais forte e minha mente mais clara.
Passei horas lutando contra o desejo de sangue humano novamente. O aroma ainda estava presente em cada brisa que passava, me tentando, me provocando. Mas eu resisti.
Quando a noite chegou novamente, cacei animais para saciar aquela necessidade que parecia nunca desaparecer por completo. O gosto era amargo, insuficiente, mas mantinha o monstro à distância — pelo menos por um tempo.
Tudo em mim parecia intenso demais. Minha visão, meus ouvidos, até minhas emoções eram um turbilhão descontrolado. A sede de sangue começou a se misturar a um novo desejo… o desejo de vingança.
Meu ódio crescia. Duas pessoas estavam cravadas em minha mente como lâminas afiadas — meu pai e aquele lorde maldito.
Meu pai, o homem que deveria proteger a família, foi o primeiro a entregar-me sem hesitação, como se eu fosse nada mais que uma moeda de troca. Frio, cruel… covarde.
E o lorde Richard… O monstro que havia drenado quase todo o meu sangue, deixando-me à beira da morte, como se minha vida não tivesse valor.
Mas ele estava errado. Eu sobrevivi. E agora, naquela floresta, enquanto lutava para não perder a pouca humanidade que me restava, uma promessa foi feita em silêncio... eu voltaria para ambos. E quando esse dia chegasse, não seria misericordioso.
A vingança se tornou meu único propósito, meu único consolo. Eles me fizeram assim. Eles criaram o monstro. Agora, teriam que lidar com ele.
Quando cheguei à cidade, descobri algo que não esperava — outros iguais a mim. Eles eram conhecidos como os frios, seres da noite, mas que pensei ser apenas histórias para assustar as crianças, até descobrir no que havia me tornado.
Passei a observá-los, estudar seus movimentos, suas escolhas, como se fossem peças de um quebra-cabeça que eu precisava entender.
Eles não eram diferentes de mim, mas, ao mesmo tempo, eram. Eu sabia da minha força, da minha velocidade, mas esses outros… eles possuíam algo mais. Algo que eu ainda não entendia completamente.
Vi vários deles hipnotizando suas vítimas, manipulando as mentes delas com uma facilidade assustadora. Eu não sabia como, mas sabia que precisava aprender.
— Ei, bonitão, quer aproveitar um pouco comigo? — Uma vampira perguntou e outros do grupo dela me olhou.
Apenas neguei com a cabeça, o que pareceu não ter agradado muito aquela mulher. Ela soltou um silvo que fez os outros sorrirem, enquanto me mostrava os dentes.
— Nunca deve negar um pouco de diversão a uma vampira, seu idiota. Some daqui. — Outro vampiro disse, enquanto beijava aquela mulher e ela me olhava com ódio.
Enquanto me afastava dali, senti-me sendo observado, uma sensação desconfortável que não sabia de onde vinha. No início, pensei que fosse só minha paranoia, mas com o tempo, comecei a ter certeza de que havia alguém me vigiando. A sensação era palpável, como se estivessem sempre a um passo atrás de mim.
Será que foi por isso que ele não respondeu no mesmo momento em que eu disse que o amava? Caminhei até o banheiro, tirando minhas roupas e entrando no chuveiro. Ele nunca me disse que eu tinha a opção de me transformar em uma dele. Por que ele nunca me deu essa opção?Estava tão perdida em meus pensamentos que não percebi que ele havia entrado naquele boxe comigo ali. Quando suas mãos alisaram meus braços, meu corpo inteiro estremeceu.— O que tanto está te incomodando, pequena? Conversa comigo. Posso esclarecer qualquer dúvida sua. É frustrante não saber o que você está pensando. Me deixa angustiado te ver assim.— Por que você nunca me falou dessa Catarine?— Isso já faz um século, Maya.— Você a amou, Mathias?— Você está se preocupando à toa com alguém que não existe mais. — Ele disse, mas não respondeu minha pergunta. Eu o encarei.— Ela pode não existir mais, porém parece que deixou um grande buraco em você… — Disse dando as costas e saindo do chuveiro. — Eu não sou tapa buraco,
MAYAEu não entendia por que Mathias era tão obcecado com a minha segurança. Sim, eu tinha plena consciência do perigo que corria desde que tudo aconteceu com Kendrick. Mas a forma como ele reagia, como se minha vida fosse a única coisa que importava no mundo, me intrigava.Alaíde, no entanto, somente me observava sorrindo, enquanto eu respirava fundo. Ela parecia entender melhor do que eu as atitudes daquele homem. Ela havia me alertado de que aqueles lobisomens atacariam o ponto mais vulnerável, e como humana, eu era exatamente esse ponto.Mas será que ele não conseguia entender que Alaíde estava comigo, e sendo uma vampira experiente, tão letal quanto ele, eu estaria segura? E, em parte, me sentia.O problema era que a sensação de ser um alvo era impossível de ignorar e Mathias parecia querer apontar isso com frequência para mim. Enquanto dirigia em direção à casa dele, Alaíde e eu conversávamos sobre isso no veículo.— Tudo isso tem a ver com a ligação que existe entre vocês. Você
O silêncio entre nós após aquele momento era quase palpável. Maya estava ainda deitada no sofá, seu corpo ainda desacelerando após tudo o que havíamos compartilhado.Eu a observava com atenção, percebendo o brilho satisfeito em seus olhos, mas também a hesitação sutil que tentava esconder. Algo a incomodava. Algo que não era cansaço ou mesmo preocupação pela confusão em que nossas vidas haviam se tornado. E eu deduzia o que poderia ser.Durante o ápice do nosso momento íntimo, ela havia sussurrado algo. Três palavras carregadas de emoção e verdade. Palavras que ela talvez não tivesse planejado dizer, mas que haviam escapado em meio à intensidade do que ela estava sentindo.Eu ouvi. Cada sílaba. Cada batida acelerada do coração dela que as acompanhou. Aquilo foi tão inesperado para mim que eu fiquei chocado no momento e não disse nada.Ela se moveu ao meu lado, começando a se vestir em silêncio, seus gestos levemente apressados. Havia um receio ali, algo que eu não estava gostando de v
Aquela sala se tornou um refúgio, um mundo à parte onde nada mais existia além de nós dois. O olhar dela carregava um brilho febril de desejo, e eu senti meu próprio controle ser testado.Voltei a beijar a lateral de seu corpo, enquanto um sussurro escapava de seus lábios entre abertos. Subi com meus beijos em direção a seus seios cobertos somente com aquele sutiã.Minhas mãos percorreram suas costas, soltando aquele único fecho que me impedia de tê-los livremente em minha boca. Afastei-me rapidamente, somente o tempo necessário para aquela peça sair de seu corpo.Maya estava completamente nua da cintura para cima e totalmente entregue a mim. Levei minha boca até o bico de seu seio direito, levando-o completamente para o interior de minha boca fria, sabendo que aquilo provocaria um tremor no corpo daquela mulher.Maya gemeu, segurando meus cabelos entre seus dedos, puxando-os levemente enquanto tentava se manter firme. Com a língua, contornei toda sua aréola, enquanto ela tentava resp
MATHIASObservei Maya atentamente. Estávamos na sala onde costumava ficar sempre que um imprevisto me impedia de sair do hospital antes do sol nascer. Ali, cercado pela penumbra e pelo silêncio, eu podia sentir o nervosismo que tomava conta dela.Seu olhar inquieto, a respiração um pouco acelerada, as mãos inquietas no próprio colo. Eu queria fazê-la relaxar. Com delicadeza, segurei sua mão e a conduzi até o sofá. Sentei-me ao lado dela e, sem pressa, a puxei para perto, envolvendo-a em um abraço aconchegante.Senti quando ela finalmente cedeu, apoiando a cabeça em meu peito enquanto eu passava os dedos pelos fios de seu cabelo, deixando beijos suaves em sua testa e têmporas.Tínhamos uma hora de descanso antes de voltarmos ao expediente, e eu queria aproveitar aquele tempo para afastá-la de qualquer resquício do medo que a consumiu mais cedo. No entanto, algo me chamou a atenção. A blusa que Maya vestia não combinava com a temperatura daquela noite.Eu já a havia visto usando aquela
O silêncio na sala era opressor. O diretor desviou seu olhar de mim para os dois homens parados ao seu lado, esperando que aquele senhor, o pai de Kendrick, dissesse algo. Mas ele permaneceu calado.Um minuto se passou que, para mim, pareceu uma eternidade. Meu coração batia forte em meu peito, o suor frio escorria por minhas costas e eu tinha certeza de que, assim como Mathias, eles conseguiam perceber tudo isso.No entanto, mantive a postura firme, mas sentia o peso do olhar penetrante daqueles dois homens sobre mim. Finalmente, aquele senhor respirou fundo e assentiu lentamente.— Você está certa. — Disse ele, sua voz baixa e controlada. — Não há motivo para preocupação.Senti um leve alívio, mas não me deixei enganar. Aquilo era somente o começo. Algo me dizia que aquele encontro não terminaria ali, que havia muito mais por vir.— Está dispensada, Maya. — Declarou o diretor, lançando-me um olhar aliviado. — Pode voltar ao seu plantão.O diretor não tinha conhecimento do mundo que
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