Torren: A Fome que Arde e Aquece
Torren desceu os últimos degraus da escadaria esculpida na rocha, guiado por tochas que ardiam sem consumir nada — chamas silenciosas, presas em globos de cristal âmbar. O caminho o havia sido mostrado por Thalion, logo após o desjejum que fez sozinho em um dos salões. Uma passagem lateral no Salão das Correntes levava a uma galeria profunda, selada por um arco entalhado com símbolos antigos: espirais de fogo, mãos estendidas, lareiras e forjas.
Era ali que começaria seu aprendizado.
A cada passo, o ar se tornava mais espesso, mais denso — quente como o interior de um forno ancestral, mas sem o desconforto abrasador. Era um calor vivo, palpitante, que não ameaçava... acolhia.
Quando chegou à última plataforma, a visão o paralisou.
Diante dele, cravada na rocha de uma encosta viva, estava a Casa do Fogo Ancestral. Não se tratava de um edifício comum, mas de uma fenda aberta na própria carne da montanha, onde raízes carmesins escorriam pelas paredes como