Fingir que não vejo

Na sala de estar, o ambiente estava pesado. A luz quente dos abajures contrastava com o frio das palavras que ecoavam ali. Todos estavam reunidos, exceto Amanda, que ainda retornava da ligação no jardim. O silêncio só era quebrado pelas respirações tensas e o murmúrio de Clara, que tentava manter o controle diante do golpe que acabara de receber.

Ana, sentada em uma das poltronas, falava em tom baixo mas firme com Augusto:

— Você tentou separar o que era inseparável, Augusto. Forçou demais. E agora causou mais dor do que havia antes. João não vai mais seguir suas ordens.

Augusto caminhava de um lado ao outro da sala, tenso, com a mandíbula cerrada. Ele resmungou:

— Você acha que eu não sei? Eu vejo como eles se olham... Mas e a família? A sociedade? O que vão dizer?

Ana ficou em silêncio por um momento, e seus olhos brilharam. Por mais que estivesse ao lado dos filhos, compreendia o peso das palavras do marido. O sobrenome Duarte vinha com honra, mas também com grilhões. E naquele ins
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