— Sim — respondeu, por fim, a voz rouca, carregada de uma honestidade que ele não conseguia disfarçar.
Voltando-se lentamente, encarou-a. Os olhos de Luísa buscavam os dele com avidez contida, como quem procura fragmentos de um passado esquecido. Paolo sustentou o olhar por alguns segundos, depois baixou os olhos, desviando para a mão dela, que ainda repousava sobre seu peito. Tocou-a com delicadeza e a afastou com gentileza, como se temesse quebrar algo frágil demais.
— É melhor não tocar nesse assunto.
— Não me recordo daquela noite — murmurou ela, apertando os lábios com leve angústia. — Mas algo dentro de mim reagiu quando te vi tocando e cantando aquela canção. É como se minha alma reconhecesse algo que minha mente ainda não alcança.
Paolo arqueou ligeiramente as sobrancelhas. A sinceridade em sua voz mexia com ele. Passou a mão pelos cabelos escuros, num gesto involuntário de frustração.
— Você se arrepende de ter passado a noite comigo há cinco anos? — Ela indagou.
— Eu me