Ajoelhou-se ao lado da cadeira do menino e sorriu de leve, estendendo a mão para tocar no cabelo dele. A expressão endurecida de instantes atrás havia se dissipado, ao menos parcialmente. O gesto denunciava um homem dividido entre o ressentimento que nutria por Luísa e a afeição que começava a cultivar pelo seu filho.
Luisa permaneceu em silêncio, observando a cena. Por mais que desejasse manter-se firme, observar o homem ajoelhado ao lado do filho sorridente a desarmou.
— Mamãe, o senhor Morano pode ser meu amigo? — perguntou Enzo, voltando-se para ela com entusiasmo.
Luisa hesitou, mas depois assentiu com suavidade.
— Sim, ele é. — A resposta soou como uma concessão.
Contar a verdade era um dilema que exigiria mais do que meras palavras.
Paolo ergueu-se com lentidão e afastou-se, sem pronunciar mais nenhuma palavra. Desapareceu pela porta da cozinha, deixando para trás o urso de pelúcia e um silêncio denso, quase solene.
Luísa voltou a preparar os sanduíches enquanto os pens