“Fosse qual fosse a vida que me esperava do lado de fora daquela Casa, eu nunca mais ia ser a mesma.” — (Anotação de R.)
[...]
Ele entrou rápido, como quem sabe que está num lugar que não devia. Fecharam a porta atrás dele, e por um segundo o quarto pareceu ainda menor.
Ele estava diferente. Parecia cansado. Olheiras fundas, barba por fazer, a gravata desfeita no bolso
— Quanto tempo eu fiquei aqui? — minha voz saiu trêmula, antes que eu pudesse contê-la.
— Muito. — disse, sem hesitar. — Mas não tanto quanto você pensa. Alguns dias… menos de duas semanas. O tempo engole tudo quando não há janelas.
Ele avançou dois passos, mas parou — como se a minha fragilidade fosse um território desconhecido para ele, e qualquer aproximação errada pudesse me despedaçar.
— Eu vou te tirar daqui. — falou, já estou fazendo os arranjos.
Eu ri — mas não foi um riso bonito. Foi um som áspero, trincado.
― Aqui, até o Wi-Fi é um lembrete de poder: quem tem a senha decide quem fala e quem silencia.
― Na Casa