“O tempo engole tudo quando não há janelas. E o silêncio, quando absoluto, devora até o nome.” — (Anotação de R.)
[Presente — No apartamento de Guilherme]
Para concluir, ele falou:
— Mas não demorou muito para eles descobrirem.
Fez uma pausa breve, como se revivesse a cena.
— Uma funcionária da limpeza encontrou o lençol manchado de sangue… e comentou com a pessoa errada.
― Aurélia não precisou de explicações. O olhar dela, frio e calculista, dizia que já havia compreendido tudo.
— Ela te mandou para o porão — Guilherme continuou, num tom quase indiferente, mas que carregava algo sombrio. — E, a partir dali, começou a decidir… se te matava rápido ou se prolongava o sofrimento.
Senti minha garganta apertar. Engoli em seco, tentando afastar a sensação de que o ar ao meu redor havia ficado mais denso.
[Flashback de Renata — No porão da Casa dos Jasmins]
As bordas da lembrança se tingiam de sombra, e com elas vinham outras imagens, mais afiadas:
Eu não ouvi o estalo da chave. Ouvi primeir