“Entre mercadoria e mulher, escolhi ser ambas por uma noite. Para deixar de ser qualquer uma das duas para sempre.” — (Anotação de R.)
[...]
Subi mais dois degraus sem olhar para trás.
Cheguei ao pequeno patamar do segundo andar. Corredor vazio. Três portas fechadas. Silêncio denso como água parada.
Abri a porta do quarto auxiliar — aquele de cortinas finas de linho cru que filtravam a luz sem bloqueá-la completamente, abajur de cúpula bege na mesinha lateral, decoração minimalista e cara.
O quarto que estava sempre preparado para “visitas especiais”. Lençóis trocados diariamente mesmo quando não usados. Frigobar abastecido. Flores frescas substituídas a cada dois dias.
Entrei sem acender a luz principal do teto.
Liguei apenas o abajur na mesinha lateral, criando círculo de luz baixa e âmbar que lançava sombras longas e suaves nas paredes cor de areia.
O perfume artificial de jasmim — aquele que eles borrifavam obsessivamente em todos os quartos do andar — subiu em onda nauseante que