“Alguns reencontros não pedem respostas: pedem silêncio e um copo cheio.” — (Anotação de R.)
A Riva brilhava com aquela luz âmbar do fim de tarde — barcos balançando como cartas nunca enviadas, o vento marítimo sussurrando nomes que só nós dois conhecíamos.
Matheo me esperava numa mesa afastada das outras, camisa clara de linho com as mangas cuidadosamente dobradas até os cotovelos, e aqueles olhos que eu tinha aprendido a decifrar como quem lê mapa náutico: onde afunda, onde flutua, onde encontra porto seguro.
— Você veio.
Não era pergunta. Era constatação carregada de alívio, surpresa e algo mais pesado que não cabia em duas palavras.
— Vim.
Sentei devagar, consciente de cada movimento meu sendo observado, catalogado, guardado.
O garçom se aproximou com o timing perfeito de quem entende de encontros carregados de história, e trouxe um vinho tinto que já carregava nossa memória gravada no rótulo — a mesma garrafa que dividimos na primeira noite em que decidimos que Split seria mais q