“Quando a vida pede ‘pausa’, eu confiro quem está do lado do botão.” — (Anotação de R.)
A notícia veio pelo único canal que atravessa qualquer ruído: Dayse batendo duas vezes e abrindo a porta com o corpo inteiro.
— Rê, preciso de você em Split.
— Agora?
— Parceria internacional. Os advogados querem você na mesa quando carimbarem. Três dias, no máximo.
O “parceria” tinha cara de aproximação. Eu ouvi o resto da frase sem ela dizer: “e, quem sabe, você e Matheo respiram o mesmo ar e lembram do caminho de volta”.
Fiz que sim com a cabeça. No meu peito, duas forças empataram: dever e fuga. Eu ainda sentia na pele o jasmim da memória, latejando onde a dúvida encosta. Dayse percebeu — ela sempre percebe.
— Suspende as sessões por uns dias, tá? — ela falou baixo, quase pedindo licença para cuidar. — Às vezes, a mente precisa de areia fria para parar de ferver.
Liguei para a dra. Iasmim e deixei a decisão na voz mais limpa que encontrei.
— Preciso pausar. Eu viajo amanhã.
— Certo. Eu preparo