A manhã começou sem cor, como se o céu tivesse esquecido de ser pintado pelo mundo.
Dayse estava sentada na escrivaninha, com os olhos fixos no copo de água à sua frente. Ao lado, três comprimidos: dois brancos e um azul, os mesmos de sempre, que ela vinha tomando há semanas. Mas agora ela sabia: aquilo não era só remédio; era veneno disfarçado de cuidado.
Sem hesitar, ela os engoliu, fingindo aceitar a situação — era parte do disfarce que precisava manter. Cada deglutição era uma tentativa silenciosa de se afirmar.
— Eu vejo vocês. Sei o que estão fazendo — pensou, enquanto tentava manter a expressão neutra.
Luna observava tudo com sua frieza habitual. E o dia trouxe uma mudança na rotina: um exame novo, muito mais invasivo desta vez. Um ultrassom com soro injetável, para fazer um mapeamento interno. O que eles estavam querendo ver?
A jovem médica, Dra. Isabella, parecia desconfortável enquanto preparava o equipamento. Murmurou:
— O protocolo mudou.
Dayse baixou a cabeça, a voz carre