Dayse sentia que algo dentro dela estava começando a se despedaçar, e não era apenas seu corpo. Naquela manhã, acordou com o estômago revirado, os braços pesados e a cabeça latejante. O enjoo vinha em ondas, mesmo sem ter comido nada. O ar parecia mais denso, como se a mansão tivesse mudado de gravidade.
A bandeja do café da manhã chegou como sempre: suco de frutas naturais, torradas, suplementos e, ao lado do copo de água, três cápsulas ― duas brancas e uma laranja. Ela as observou por longos segundos, sentindo um peso invisível sobre seus ombros.
― “Estão me desmontando aos poucos e nem disfarçam mais” ― pensou, com uma tristeza profunda. Engoliu os comprimidos com um único gole de água, sem esboçar expressão alguma, como se cada movimento fosse uma batalha silenciosa.
Luna observava em silêncio, como fazia todas as manhãs. Mas hoje, havia algo diferente nela. Uma tensão contida no canto da boca, talvez impaciência, talvez medo.
— O senhor Bellucci chegará à tarde — disse ela, enfim