O novo ciclo começou espelhando o anterior, com uma avalanche de exames, protocolos e horários implacáveis. Dayse, mais uma vez, se viu reduzida a um mero receptáculo clínico. As injeções diárias perfuravam sua pele como agulhas de gelo, enquanto as refeições controladas pareciam mais uma punição do que nutrição.
Os dias e as noites eram marcados por encontros pontuais, onde o relógio ditava cada movimento, cada palavra. Enzo surgia sempre da mesma forma: sem emoção. Trocavam poucas palavras, às vezes nenhuma.
Dayse, em sua tentativa de romper o silêncio, fazia perguntas simples sobre a vida além daquelas paredes.
No entanto, suas palavras se perdiam no vazio, sem nunca obter uma resposta. Ela acabou desistindo, pois o silêncio dele era como uma lâmina afiada, cortando fundo.
A cada ausência de resposta, um pedaço da esperança dentro dela se desfazia.
Enzo chegava sempre no mesmo horário, e Dayse já o esperava, como um relógio que nunca falha. Ele nunca tentou invadir sua intimidade;