O som do relógio na parede era o único ruído audível no quarto. Tique-taque. Tique-taque. Cada segundo se arrastava, pesado, como se o tempo estivesse preso em uma espiral sem fim.
Dayse estava deitada sobre os lençóis de algodão branco, imóveis sob seu corpo tenso. Seus olhos vagavam pelo teto, onde uma pequena rachadura se escondia entre os cantos da moldura de gesso.
Uma rachadura discreta, insignificante para qualquer um que passasse por ali. Mas para ela, era uma fissura na perfeição que deveria existir, um detalhe que não pertencia ao ambiente limpo e ordenado ao seu redor.
A rachadura existia. Assim como ela.
E, naquela noite interminável, ambas pareciam prestes a se partir.
Fazia oito dias desde a segunda tentativa de concepção. Oito dias de espera. Oito dias de silêncio.
O corpo dela começava a reagir, mas não com os sinais esperados de gravidez. Em vez disso, um cansaço profundo tomava conta, como se a energia fosse sugada por um buraco negro invisível. Dores de cabeça c