Alguns dias após “o cumprimento do contrato”, o calor sufocante parecia impregnar o ar da mansão, tornando-o pesado, quase palpável, como se carregasse uma tensão silenciosa e invisível.
Deitada na maca do consultório improvisado, Dayse fixava o olhar nas luzes frias do teto. Seus olhos, vazios, vagavam sem foco, enquanto a claridade branca se espalhava pela sala, indiferente, impessoal, incapaz de refletir ou acolher o peso esmagador daquele instante.
Diante dela, dois médicos analisavam gráficos e números no tablet. Seus rostos não revelavam dúvidas, apenas uma concentração meticulosa, pontuada por um leve traço de satisfação.
Ela estava ali, mas era como se não estivesse. Como se fosse apenas um útero funcional, e não uma mulher carregando o peso de escolhas que nunca foram realmente suas. Não era vista como uma mulher, mas como um receptáculo, um útero funcional carregando o fardo de decisões que, no fundo, nunca foram realmente suas.
— Os níveis hormonais estão excelentes — comen