“Há feridas que jamais cicatrizam, apenas aprendem a sangrar em silêncio.” — Clarice Lispector
O som da porta se fechando atrás dela ecoou como um disparo abafado, esmagando o ar ao seu redor. Dayse deslizou pela parede do elevador, os joelhos quase cedendo sob o peso das emoções que a consumiam. O coração batia descompassado, tentando acompanhar a respiração curta, reflexo de uma maratona emocional que ela não sabia se havia vencido ou perdido.
Era como se o chão tivesse desaparecido, e ela estivesse suspensa sobre um abismo, presa a um fio invisível prestes a se romper. Tremia, sem saber se era raiva ou desejo — talvez ambos, entrelaçados numa dança caótica que ameaçava fazê-la perder o controle.
O olhar de Enzo ainda queimava nela, não fisicamente, mas como uma marca invisível que ardia em sua mente e corpo. Um olhar que a despia, incendiava e gritava verdades que ele não dizia, mas que ecoavam alto no silêncio do elevador.
Ele a encurralara, como um predador contra a parede. Ela s