“O silêncio entre duas pessoas pode ser mais cortante que qualquer grito.” — Friedrich Nietzsche
*** O silêncio entre Enzo e Dayse era um predador invisível, faminto, e ele se sentia sua presa. Nos últimos dias, tudo parecia um filme em câmera lenta: o jantar, os olhares carregados de intenções, o beijo interrompido que ardia como brasa viva em sua memória.
Enzo tinha certeza — ou ao menos acreditava — que Dayse cederia. Que ela perceberia o que ele sentia, que se entregaria à intensidade do momento. Mas ela não cedeu. Apenas o deixou ali, com o desejo refletido nos olhos e a sede pulsando na pele.
“Não dessa vez, Enzo.” Essas palavras ecoavam como um sussurro venenoso, doce e amargo. Ela não disse “não quero”. E isso bastava para que a esperança se insinuasse, entre as rachaduras do coração.
Ela partiu sem hesitar, deixando-o perdido no caos de uma possibilidade que não sabia como segurar. Ela sabia que ele esperaria — mesmo que isso o machucasse. E tinha razão.
Enzo segurava o copo