“Esperança é teimosia de quem ainda não viu o fim do arquivo.” — (Anotação de R.)
[... continuando flashbacks de Renata e narrativas de Guilherme, no presente]
... Eu sabia que ia doer, mas perguntei mesmo assim.
— A criança… — a palavra engasgou na minha garganta — está viva?
O silêncio que veio primeiro já era resposta, mas a gente sempre insiste em mais um segundo de ilusão. É um defeito humano. Ou um mecanismo de defesa.
Guilherme — fechou os olhos por um instante. Quando abriu, parecia mais velho. Mais cansado.
— Eu vou te contar. — disse, medindo cada sílaba. — Mas você precisa ouvir até o final. Não me interrompe no meio, por favor.
O “por favor” doeu. Como se ele também precisasse sobreviver à própria história.
Assenti. Não confiava na minha voz.
O fio de esperança
Ele se inclinou pra frente, cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos entrelaçadas. O tipo de postura de quem está confessando um crime ou uma covardia. Às vezes é a mesma coisa.
— Aproximadamente três anos depois… —