Capítulo 103 — Corte 

“Às vezes o parto é só a forma como arrancam alguém de você.” — (Anotação de R.)

[... continuando flashbacks de Renata e narrativas de Guilherme, no presente]

Tem coisas que eu não lembro porque não podia lembrar.

Tem coisas que eu lembro com o corpo, mesmo que a cabeça ainda tente negar.

E tem o resto, que foi o Alexandre — Guilherme — quem me contou, com a voz cansada de quem também nunca mais saiu inteiro daquela sala.

O que ficou é um mosaico torto disso tudo.

A sala

Da minha parte, o que eu tenho na memória é primeiro o cheiro.

Nem jasmim, nem mofo. Álcool. Muito álcool. E aquele desinfetante adocicado de hospital que se enfia no fundo da garganta.

Luz demais. Não como na ala da Casa, com abajur de sedução e sombra calculada.

Luz branca, fria, agressiva. Teto quadrado, placas de gesso. Ar-condicionado tão gelado que a pele arrepiava, embaixo da camisola fina.

Eu estava deitada numa maca, barriga pesada sob um lençol azul que cobria tudo da cintura pra baixo. Havia um campo cirúr
Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP