Claire
Quando saí do banho, o relógio marcava cinco e meia da manhã. O vapor ainda pairava no ar, mas o frio que senti vinha de dentro. Um vazio sufocante se espalhava no peito, uma sensação que nem a água quente conseguiu dissipar. O sono me abandonou, e o cansaço parecia um fardo inútil. O alarme tocou pouco depois, um som estridente que me fez estremecer, mesmo já acordada. Vesti-me apressada, cada movimento mecânico, e saí sem esperar para me despedir de Jean-Luc. O peso do seu olhar seria insuportável agora.
O dia se arrastou em um torpor opressor. A sala na escola parecia menor, as paredes mais próximas, e o ar, mais denso. Tentei me esconder atrás da tela de esboço 40x50 no meio do espaço, mas meu rosto me traía. Tinha certeza de que se alguém me olhasse por mais de cinco segundos, saberiam que algo me atormentava.
As mãos tremiam levemente, e a mente era um redemoinho de pensamentos que me irritavam e causavam um pouco de pânico. O relógio se recusava a avançar