Claire
Quando a festa acabou e quase todos foram embora, René se despediu anunciando que levaria Charlotte para casa. Jean-Luc, por outro lado, se trancou no escritório com dois de seus homens, discutindo algo que me foi vedado. Suas esposas e o filho de um deles, um bebê de seis meses, ficaram na sala de estar. Elas conversavam entre si. Às vezes me olhavam e sorriam sem graça, mas em momento algum tentaram me integrar à conversa. A mãe da criança percebeu que eu olhava demais para seu filho.
— Quer pegá-lo?
Isso pegou-me de surpresa. Olhei-a com espanto.
— Não — disse baixinho, forçando um sorriso.
O menino era lindo. Pele escura, olhos pretos como a noite e bochechas grandes. Apesar de sonolento, ele me olhava e sorria receptivo. Instintivamente minha mão foi à barriga, repousando-se ali.
Despedindo-me com um breve boa-noite, deixei a sala. A casa estava silenciosa, apenas o crepitar das lareiras preenchia os cômodos. Caminhei até a biblioteca, onde o fogo projetava sombras longas