Claire
Jean-Luc deu de ombros, o desdém habitual que tinha por algumas coisas.
— Ele achou que você gostou mais do quadro do que ele mesmo.
O absurdo da situação me atingiu com força, como um soco invisível. Era como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo, e eu estivesse presa em uma realidade distorcida onde presentes eram obras de arte roubadas e compromissos surgiam sem consentimento. O contraste entre o luxo do Monet e a brutalidade na vida de Jean-Luc me fez sentir uma intrusa em um universo que não era meu. Lembrando-me mais uma vez no dia que eu estava amarrada a isso. O sentimento de impotência e o medo criaram um nó no meu peito, tornando difícil até respirar.
— Eu não quero isso — murmurei, a voz mais fraca do que pretendia.
Virei-me para sair quando Jean-Luc perguntou:
— O que você quer que eu faça?
— Devolva para Franz.
— Isso seria ofensivo.
Parei na porta, encarando-o, tentando decifra