Observei o carro parar. O rapaz desceu e abriu a porta para Clara. Quando eu também saí do carro, o ar pareceu congelar ao redor.
— Então é isso, Clara? — falei, com desprezo contido. — Você só precisava de um motivo para passar a noite com outro.
O jovem que a acompanhava ergueu a cabeça com o peito estufado. — Quem você pensa que é pra falar com ela assim? — aproximou-se como quem quer me intimidar.
A raiva subiu como lava. Não pensei: dei um soco no rosto do rapaz. Ele caiu no chão.
Agarrei Clara pelo braço.
— Você nem ao menos esperou pra saber a verdade e já se entregou a outro — vomitei as palavras cheias de ódio.
O rapaz não ficou por baixo: levantou-se e me acertou um soco no rosto, outro no estômago. Partimos para cima. Em um único movimento acabei imobilizando-o com um mata-leão. Apertei até sentir a resistência ceder, enquanto Clara gritava, desesperada, pedindo que eu parasse.
O porteiro tentou intervir. Rafaela desceu às pressas e o desespero dela misturou-se ao meu caos.