~Na voz de Lorenzo~
O dia transcorria em perfeita calmaria no escritório. Entre contratos e telefonemas, nada fugia do controle — até o momento em que peguei o celular e vi a mensagem de Clara.
Falava sobre filho, Beatriz, gravidez.
Fiquei absolutamente anestesiado.
Li e reli aquelas palavras dezenas de vezes, sem acreditar.
Era impossível.
— Isso é impossível… — murmurei para mim mesmo, incrédulo.
Em todas as minhas relações com Beatriz, eu sempre fora cauteloso. Sempre. Havia cuidado em cada gesto, em cada encontro, justamente para evitar esse tipo de situação.
Comecei a ligar para Clara — uma, duas, dez vezes — mas ela não atendia.
O coração apertou. Aquilo não era um mal-entendido qualquer.
Disquei para a loja. Matteo atendeu.
— Matteo, me chame a Clara. — Falei firme, tentando conter a impaciência.
— Senhor, a Clara saiu já faz um tempo — respondeu. — Não disse pra onde ia.
— Como assim, saiu?
— Atendeu uma cliente e, logo depois, pegou a bolsa e foi embora apressada.
— Que clien