O cheiro do café ainda preenchia a cozinha quando terminei de colocar a lancheira de Giulia na mochila rosa com detalhes de unicórnios. Miguel tinha saído mais cedo, mencionando uma reunião importante. Eu nem o vi direito — só ouvi a porta se fechando e os passos apressados no corredor. Desde o beijo... as coisas tinham ficado um pouco diferentes. Um pouco mais silenciosas. Um pouco mais carregadas de pensamentos que nenhum dos dois conseguia traduzir em palavras.
Mas Giulia não mudava. Ela era o fio de luz em meio ao emaranhado.
— Isa, você pode fazer a trança de princesa hoje? — pediu, sentando-se no banco da penteadeira do quarto com a escova já nas mãos.
Sorri, pegando delicadamente o pente.
— Claro que posso. Mas tem que ficar bem quietinha, princesa.
Ela assentiu com convicção e, enquanto eu começava a separar as mechas de cabelo dourado, ela ficou olhando nosso reflexo no espelho.
— Isa... — a voz dela veio baixinha, quase como um segredo. — Você vai embora igual a mamãe?
A perg